sábado, 3 de abril de 2021

Primeira Eucaristia

 Primeira Eucaristia


    



   A Primeira Comunhão é uma celebração religiosa muito importante dentro da Igreja Católica Apostólica Romana. Os católicos participantes desta cerimônia recebem pela primeira vez o Corpo e o Sangue de Cristo sob a forma de pão e vinho. É a primeira vez que o católico pode receber a Hóstia (nome dado à partícula da eucaristia após a sua consagração).

  A Primeira Comunhão também é conhecida como a "Primeira Eucaristia", visto que os participantes recebem pela primeira vez o sacramento da Eucaristia. Sendo assim, após essa cerimônia, os católicos ficam aptos para receber a Eucaristia, um precioso preceito da Igreja Católica. 

  Antes dos católicos receberem a Primeira Comunhão, eles devem compreender alguns princípios e conhecimentos fundamentais da Igreja, os quais são ensinados nas aulas de catequese.


      


  Geralmente, os principais estudos das aulas de catequese são: os 10 Mandamentos, as principais orações, os 7 sacramentos, os 7 pecados capitais, os principais acontecimentos bíblicos do Antigo Testamento, os principais ensinamentos do Novo Testamento, a vida de Jesus Cristo e o santo terço.

  Para a realização desse rito religioso, é necessário que o catequizando faça a confissão dos pecados com o sacerdote para poder receber a Sagrada Eucaristia.

    Na Igreja Católica, a Eucaristia é um dos sete sacramentos. Conforme o Catecismo da Igreja Católica, a Eucaristia é o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu para perpetuar o sacrifício da cruz no decorrer dos séculos até o seu regresso, confiando à Igreja o memorial da sua Morte e Ressurreição. 

   Logo, a Eucaristia é o precioso sinal da unidade, o vínculo da caridade e o banquete pascal, onde o católico recebe Cristo. Ao receber Cristo, a alma fica repleta de graça e ganha o penhor da vida eterna. 

   É interessante notar que a palavra Hóstia quer dizer vítima em latim. Sabe-se que, entre os hebreus, havia o cordeiro, sem culpa, imolado em sacrifício a Deus. Para os cristãos, Jesus Cristo é o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Para a Primeira Eucaristia, encontramos algumas denominações cristãs, tais como: aceitação de Jesus e confirmação do batismo.

     Segundo o Evangelho de João (6,51.54-55.58), Jesus é o pão da vida:


      



 "Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha vida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue verdadeira bebida. Quem come deste pão viverá para sempre."


 Ainda no Evangelho de João (6,35), vemos o que Jesus pregou:


  



"Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem acredita em mim nunca mais terá sede."


    



  Segundo José Bortolini, a primeira Eucaristia é uma etapa muito importante na vida do cristão. É o momento em que a pessoa começa a participar da comunhão dos santos, ou seja, começa a ter tudo em comum com os demais cristãos: começa a partilhar o pão de todos os batizados, o Corpo de Cristo. A primeira Eucaristia é o início de um encontro profundo entre o homem e Deus. Portanto, esse momento tem de ser bem preparado e aguardado com alegria. 

     Eucaristia é vida. Preparar alguém para a primeira Eucaristia é ensiná-lo a viver conforme a vontade de Deus. É fazer as pessoas aprenderem a generosidade, o amor, com Jesus, que se entregou, deu a vida para nos salvar. A preparação para o encontro com Cristo na Eucaristia deve ser um esforço de valorização da vida. 

   Na Liturgia da Missa, dizemos antes da comunhão:


   



"Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo". 


  Na Primeira Carta aos Coríntios (3,16-17), está escrito:

"Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? O templo de Deus é santo, e esse templo são vocês".


*Orações Eucarísticas:


  



Na verdade, ó Pai, é nosso dever dar-vos graças, é nossa salvação dar-vos glória: só vós sois o Deus vivo e verdadeiro que existis antes de todo o tempo e permaneceis para sempre, habitando em luz inacessível.


Mas, porque sois o Deus de bondade e a fonte da vida, fizestes todas as coisas para cobrir de bênçãos as vossas criaturas e a muitos alegrar com a vossa luz (Oração Eucarística IV). 


    



*Sobre a Cerimônia da Primeira Comunhão:


           


 Essa Cerimônia ou Missa costuma ser diferente das tradicionais, tendo em vista que será a primeira na qual a criança passará a conhecer os ensinamentos de Deus. Para a Primeira Comunhão, é preciso ampliar o convívio religioso da criança por meio das Missas Dominicais. 


       


   Geralmente, as crianças que fazem a Primeira Comunhão levam o pão e o vinho até o Altar. Nesse momento, o Padre fará a apresentação delas a Deus. 


       


  A Comunhão: Nesse momento da celebração, o Padre aproximará a Hóstia da criança e pronunciará as palavras "O Corpo e o Sangue de Cristo".  Depois, a criança responde: "Amém", demonstrando a sua fé no Sacramento e recebendo a hóstia em sua boca. 

 Após comungar, a criança deverá se manter em silêncio e em oração, agradecendo as dádivas recebidas além de rezar para familiares e amigos com amor. Deve ainda pedir as bênçãos necessárias para ser uma boa e generosa cristã.


*Sobre o significado da vela: 


 


           

 A rica simbologia das velas justifica o fato da Igreja manter esse tradicional elemento litúrgico nas suas celebrações.

 Os elementos da vela são: cera, pavio e fogo. Esses elementos representam as três Pessoas da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. A cera representa o Pai, o pavio, o Filho e o fogo, o Espírito Santo.


           


  A vela acesa sozinha representa Cristo, o Nosso Senhor, porque a cera significa a sua Carne e o fogo, a Divindade. 


                



 Durante a cerimônia da Primeira Eucaristia, cada criança acende e segura uma vela para representar o recebimento de Cristo em sua vida. 
É como se ela expressasse que passou a carregar a luz de Cristo consigo. 








*Texto escrito por Tatyana Casarino.

*Fotografias da Primeira Eucaristia de Tatyana Casarino. 

*A Primeira Eucaristia ocorreu em 2003 (eu tinha onze anos na época). 

*Minha Primeira Eucaristia foi celebrada no dia 08 de Novembro de 2003 às 17 horas na Capela da Base Aérea de Santa Maria/RS e no salão do cinema da Base Aérea de Santa Maria. Minha Primeira Eucaristia foi celebrada pelo padre Dirceu (o capelão da Base Aérea de Santa Maria na época). 

*As minhas aulas aulas de catequese ocorriam uma vez por semana (toda segunda-feira das sete às oito horas da noite) em uma sala de aula montada dentro do salão de festas da vila da Base Aérea de Santa Maria/RS. 

*Música que cantávamos após as aulas da catequese:

"Jesus Cristo está passando por aqui...
Jesus Cristo está passando por aqui!
Quando Ele passa, tudo se transforma...
A tristeza vai, a alegria vem...
Quando ele passa, tudo se transforma,
e tudo fica bem para você e para mim também."

O Batismo

 O Batismo 


Qual é o significado do batismo?


        


*Fotografia do Batismo de Tatyana Casarino.

*Madrinha: Bisavó Quitéria.

*Padrinho: Tio Ivo. 

*Padre: Ricardo. 

*Local: Paróquia Nossa Senhora Aparecida 
de Presidente Prudente/SP.


   Segundo o Catecismo da Igreja Católica, o Batismo é a fonte da vida nova em Cristo, onde jorra toda a vida cristã. No batismo, o iniciado é chamado a desenvolver a sua fé. O batismo é o sacramento da fé. 

    De acordo com José Bortolini, o batismo é o primeiro dos sacramentos, porque abre o grande diálogo amoroso de Deus com os homens. A iniciativa de amar parte sempre de Deus: Ele nos ama primeiro. O batismo se torna, assim, um presente divino que o homem recebe. O apelo amoroso de Deus, dirigido ao homem no batismo, deve encontrar eco no ser humano: aquele que é batizado responde sim a Deus, comprometendo-se com o bem, a verdade e a justiça

 Na Igreja Católica, o batismo representa o primeiro dos sete sacramentos e é considerado um rito de passagem. Ao receber essa benção, a criança inicia a sua fé e a sua vida cristã, tornando-se uma filha de Deus, uma verdadeira discípula de Cristo.


            


 No batismo, a criança passa a ser um membro da Igreja e dá o seu primeiro passo no seu caminho para a salvação. Sabe-se que não é possível receber outro sacramento sem o batismo, o qual representa a iniciação do discípulo na fé católica. 

 O rito do batismo é feito com a água sagrada sobre o iniciado e cada um dos elementos (óleo, vela e roupa branca) da cerimônia possui o seu significado religioso.


*Óleo e água: 


   


 A madrinha conduz a criança até a pia batismal e o padre derrama, com uma jarra, a água sagrada em sua cabeça, dizendo as preces do batismo: 

 "Eu te batizo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo".

 Esse gesto representa vida nova e confirma que a criança está batizada. Em algumas igrejas, o padre passa um pouco de óleo dos catecúmenos no peito da criança, pedindo que a força de Cristo penetre na vida dela.

*Vela:


    


 Durante a cerimônia, a madrinha carrega a criança e o padrinho fica ao seu lado. Depois da benção, o padrinho oferece simbolicamente uma vela acesa à criança, dizendo: 

"Receba a luz de Cristo". 

 Essa vela é o Círio Pascal, que simboliza Cristo, a luz do mundo.

*Roupa branca:

 O iniciado usa roupas brancas no momento do batismo, pois vestes brancas representam a pureza. 



  



 Qual é o papel dos padrinhos?

  Os padrinhos são figuras muito importantes no batismo, porque eles auxiliarão o iniciado na sua caminhada religiosa por toda a vida. Eles assumem a nobre missão de garantir que o iniciado seguirá o caminho da salvação dentro dos preceitos da Igreja Católica. 


*Batismo no Catecismo da Igreja Católica:


FÉ E BATISMO


  



1253. O Batismo é o sacramento da fé. Mas a fé tem necessidade da comunidade dos crentes. Só na fé da Igreja é que cada um dos fiéis pode crer. A fé que se requer para o Batismo não é uma fé perfeita e amadurecida, mas um princípio chamado a desenvolver-se. Ao catecúmeno ou ao seu padrinho pergunta-se: "Que pedis à Igreja de Deus?" E ele responde: "A fé!".


1254. Em todos os batizados, crianças ou adultos, a fé deve crescer depois do Batismo. É por isso que a Igreja celebra todos os anos, na Vigília Pascal, a renovação das promessas do Batismo. A preparação para o Batismo conduz apenas ao umbral da vida nova. O Batismo é a fonte da vida nova em Cristo, donde jorra toda a vida cristã.


1255. Para que a graça batismal possa desenvolver-se, é importante a ajuda dos pais. Esse é também o papel do padrinho ou da madrinha, que devem ser pessoas de fé sólida, capazes e preparados para ajudar o novo batizado, criança ou adulto, no seu caminho de vida cristã. O seu múnus é um verdadeiro ofício eclesial. Toda a comunidade eclesial tem uma parte de responsabilidade no desenvolvimento e na defesa da graça recebida no Batismo.


*Acesse o Catecismo da Igreja Católica no seguinte Link:


http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p2s2cap1_1210-1419_po.html



Tatyana Casarino. 

sábado, 27 de março de 2021

Sou forte com Cristo

 Sou forte com Cristo.


        



 Cristo, quando Te encontrei, nunca mais quis saber dos meus medos. Porque Tu, só Tu, me preenches na alma inteira. Tu, só Tu, me preenches a alma inteira.

 Não foste somente um homem virtuoso que precisamos imitar. Foste a própria carne de Deus e és a luz que habita em mim. 

 Cristo, tudo o que passei me fez te amar mais, especialmente as angústias. A alegria que sinto ao Te encontrar é maior que todas as alegrias do mundo e fazem com que as minhas aflições tenham valido a pena. 

 As aflições e as fraquezas da infância foram as molas propulsoras da minha fé e da minha força na vida adulta. Ter experimentado a rejeição e o bullying na escola me fez admirar a Tua capacidade de enfrentar a humilhação com serenidade. 

 Sentir mágoas ao longo da travessia da vida me fez acreditar na divindade da Tua pregação sobre o perdão. Sofrer emocionalmente me fez experimentar um pouco do Teu sofrimento. 


            


 Minha revolta e indignação diante das injustiças, tristezas, incompreensões, mal-entendidos e hostilidades do mundo fizeram a minha alma ser inclinada à promessa da terra de justiça, alegria e paz que o Senhor prometeu ao Teu povo. Ao invés de cair no pecado da revolta, voltei o meu olhar para o Teu mistério e transformei a minha inquietação interior em grande compreensão. 

 Agora eu compreendo o quanto é importante o espinho na carne para que a Tua graça penetre em nossa humildade. Assim como Paulo experimentou o espinho na carne, todos nós temos os nossos "espinhos". Por meio dos espinhos das aflições, compreendemos que somente a Tua graça pode fortalecer a nossa alma. 


        



"E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.

Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte." 

Fonte do trecho bíblico2 Coríntios 12:9,10


Uma abençoada semana santa! Feliz Páscoa para todos os leitores!


   


Imagem: Santuário São João Bosco em Brasília/DF.
Fotografia tirada por Tatyana Casarino. 


Texto escrito por Tatyana Casarino. 


quarta-feira, 3 de março de 2021

A Virtude do Silêncio

 A Virtude do Silêncio


      



  Muitos dizem que, antes da criação, Deus estava mergulhado no silêncio. O silêncio precede todas as coisas. Sabe-se que as mais belas melodias estão no intervalo entre um silêncio e outro. 

 As pessoas mais religiosas são as mais silenciosas, pois o silêncio favorece o encontro com o Deus. O silêncio também é a resposta dos sábios. Diversas vezes, o silêncio é uma prova de devoção e amor. 

 Em nossa sociedade barulhenta, frenética, altamente comunicativa e imediatista, o silêncio costuma ser interpretado de forma errada. Em nossa sociedade, se gostarmos do silêncio e se ficarmos em silêncio, somos julgados "frios", "antissociais", "fechados", "defensivos" e estranhos. Contudo, o silêncio é a comunicação de Deus e contém todo o calor da sabedoria. 

 O silêncio não é frieza, mas o calor do respeito e a força da profundidade de Deus em nós. Uma resposta silenciosa não despreza o outro como muitos pensam, mas valoriza o outro. O silêncio é a prova do amor do sábio, pois demonstra consideração e zelo ao afastar a necessidade de dar uma resposta imediatista qualquer para alguém e colocar a prudência acima de tudo. 


           


  Infelizmente, em nossa sociedade, se não respondemos os outros imediatamente, somos julgados "frios". Mas somente o silêncio prepara a nossa melhor resposta. Se o silêncio do sábio fosse quebrado, assim seria entendido o seu mistério: "estou preparando a resposta mais sábia e gentil para você." 

   Poeticamente, se o silêncio falasse, ele diria: "estou mergulhado em Deus". O silêncio não é solidão, mas a linguagem de Deus em nós. Deus é invisível e silencioso. Todo aquele que quer penetrar nos mistérios religiosos e divinos deve aprender a cultivar o silêncio. 

    O silêncio também é o caminho da virtude cristã, pois evita uma multidão de pecados. O silêncio evita os pecados da língua e os pecados feitos pelas explosões imediatistas da carne. O silêncio gera a serenidade e estabelece ordem em nosso interior antes de darmos respostas ao mundo exterior. 

    Nosso coração é sensível, frágil e, por vezes, a carne é fraca e o pecado da ira se manifesta em reações explosivas e respostas grosseiras diante daquilo que alguém disse para nós e que nos machucou. A melhor forma de lidar com o que nos desafia é o silêncio. 

   Diante de uma palavra mal colocada e desafiante de alguém, devemos ficar em silêncio, por exemplo. Isso não significa que ficamos magoados ou que estamos defensivos, frios e "dando um gelo" em alguém. O silêncio significa respeito, sabedoria e amor. No silêncio, busco me recompor para poder dar a melhor resposta para o outro: a resposta mais sábia, gentil e educada. 


          


   Nem sempre é fácil sermos sábios quando estamos machucados. Por favor, tentem entender que o silêncio pode ser uma prova de amor e respeito. Não somos perfeitos e não daremos sempre as melhores respostas imediatamente. Precisamos de tempo para "processar" os estímulos do mundo dentro de nós e darmos as melhores reações. 

   Vivemos em um mundo estressante, ansioso e agitado que não respeita mais o espaço e o silêncio do outro. Por vezes, as pessoas parecem invasivas, "tóxicas" e possessivas quando querem os outros ao lado delas o tempo todo. Precisamos aprender que um tempo no silêncio e na solidão faz parte de qualquer vida saudável e de toda relação verdadeiramente leve e amorosa. 

  Todo mundo precisa de um tempo só para si a fim de mergulhar no silêncio de Deus e renovar as suas forças. Após um tempo no silêncio e na solidão, as nossas interações com os outros serão ainda mais saudáveis, produtivas e afetuosas. Sem silêncio, ficamos sobrecarregados e vazios. O excesso de palavras esvazia o nosso valor. No silêncio, recuperamos a nossa força em Deus. 

   Precisamos criar o hábito de não darmos respostas imediatas para tudo. Seria interessante se houvesse silêncio no intervalo entre toda ação e reação. Seríamos mais sábios e serenos se cultivássemos o silêncio no cotidiano. A ansiedade da nossa sociedade nasceu da falta do silêncio. 


         


   Cultive o silêncio antes de dar respostas às pessoas nas conversas e nos aplicativos de mensagens virtuais. Cultive o silêncio antes de reagir a uma ofensa. Cultive o silêncio antes de tomar uma decisão importante. Cultive o silêncio quando você estiver atravessando um momento difícil. Cultive o silêncio quando a sua mente estiver confusa. Cultive o silêncio quando você não souber o que fazer. Você verá que, após um momento edificante de silêncio, as suas respostas e as suas decisões serão mais sábias. 

   Somente o silêncio gera ordem em nós. Certa vez, ao conversar com uma pessoa que estava nervosa, agitada e que não sabia o que fazer, eu disse a ela: "Não sabe o que fazer? Então, não faça nada. Fique em silêncio".

      A resposta que eu dei pode parecer óbvia e até superficial, mas tinha profundidade espiritual. Eu sabia que o silêncio faria bem à pessoa. A pessoa recuperou a lucidez e a ordem interna após ficar em silêncio. 


      


   O silêncio até salva vidas. Se uma pessoa atormentada por pensamentos depressivos e suicidas ficasse em silêncio ao invés de agir precipitadamente, ela poderia recuperar a sua ordem interna e ser abraçada pela vida. 

  Diante de pensamentos barulhentos, a nossa melhor resposta é o silêncio. Não podemos agir de forma precipitada. O silêncio afasta os tormentos da mente e também cala as tentações de Satanás. O silêncio é a maior defesa de Deus e o maior escudo da nossa saúde mental e espiritual. 

  O bom cristão deveria cultivar o hábito de respirar fundo e mentalizar uma oração antes de expressar as suas reações. A virtude do silêncio gera a virtude da prudência e evita uma multidão de pecados. Não se trata de ser uma pessoa passiva e sem atitude, mas de ser uma pessoa prudente e sábia que toma as melhores atitudes na hora certa e do jeito mais ordenado. Não somos obrigados a dar respostas imediatas a tudo. O silêncio promove a ordem dentro de nós. Respostas imediatistas, por vezes, saem desordenadas. 

   A sociedade imediatista detonou a sabedoria. Mas uma pessoa sábia e religiosa busca aplicar a sua sabedoria e os princípios da sua fé no cotidiano. E a melhor forma de aplicar a sabedoria é cultivar o silêncio. O silêncio afasta as reações imediatas e ajuda a nossa mente a planejar as ações e reações mais sábias. 

    Muitas vezes, quando não nos sentimos bem perto de alguém que não tem os mesmos valores do nosso caráter, a nossa melhor resposta é o afastamento seguido do silêncio. Não somos obrigados a conviver com quem nos angustia, mas também não devemos dar respostas ofensivas a qualquer pessoa. O bom cristão sabe ser misericordioso e sábio. 

    O silêncio, muitas vezes, não significa mágoa nem falta de compaixão. O silêncio, por vezes, significa respeito. Quando a reconciliação não é mais possível, o amor passa a morar no silêncio respeitoso. Passo a orar pela pessoa dentro do meu silêncio e recupero a minha ordem interior com a serenidade advinda do silêncio. 


          


    Diante de injúrias, difamações e calúnias, a nossa melhor resposta é o silêncio. O silêncio traduz segurança interior e consciência tranquila. Muitas pessoas podem pensar que o silêncio é covardia, mas é preciso coragem para suprimir as reações imediatistas e superar a ansiedade de se manifestar em defesa própria. O silêncio revela a nossa grandeza de espírito. 

    No silêncio, posso penetrar nos mistérios de Deus e descobrir a sabedoria da consciência. No silêncio, limpo as sujeiras da minha mente, dos meus pecados e das minhas emoções para mergulhar na serenidade de Deus. Da mesma forma que tomamos banho para limpar o corpo físico todos os dias, deveríamos ter momentos silenciosos todos os dias para limpar a nossa alma.

  Muitas pessoas não gostam do silêncio, pois o silêncio revela a verdade de quem elas são e é uma profunda ferramenta de autoconhecimento. No silêncio, descobrimos duras verdades e a nossa consciência aponta os nossos pecados mais ocultos. Entretanto, não há crescimento espiritual sem silêncio. Não podemos escapar de nós mesmos, pois as fugas só trazem  mais angústias. 

   Apesar do desconforto inicial do silêncio para alguns, o silêncio é libertador e traz tranquilidade quando purifica o nosso interior. O filósofo Kierkegaard uma vez disse que existe uma espécie de banho na alma: o banho da alma no silêncio. Elie Wisel também afirmava o seguinte: "o silêncio é sereno, repleto de harmonia, de promessas, cheio de sonhos e verdade." Um famoso e antigo provérbio diz: "a palavra é prata, o silêncio é ouro". 


        


   O silêncio é a melhor solução na conquista do nosso domínio próprio.   Na Bíblia, vemos o seguinte em Eclesiástico 5, 14: "Se tiveres inteligência, responde a outrem, senão, põe a mão sobre a tua boca, para que não sejas surpreendido a dizer uma palavra indiscreta, e venhas a te envergonhar dela."

   Em Eclesiástico 5, 15, vemos o quanto devemos evitar a imprudência da língua (e o silêncio é o nosso melhor protetor espiritual nesse sentido): "A honra e a consideração acompanham a linguagem do sábio, mas a língua do imprudente é a sua própria ruína."


          


    O silêncio domina a paixão humana. Na Bíblia, o ser humano é alertado sobre os perigos do descontrole das paixões (Eclesiástico 6,2): "Não te eleves como um touro nos pensamentos de teu coração, para não suceder que a tua loucura quebre a tua força."

     Que o silêncio de Deus traga ordem para o nosso interior e promova o nosso crescimento espiritual. O tempo mais propício ao silêncio é o tempo da quaresma, pois podemos fazer um belo exame de consciência, confessar os nossos pecados e escolher a penitência que auxiliará a nossa jornada de transformação interior. O silêncio combina com o espírito da quaresma e promove o jejum, a penitência e a caridade. Os mais belos presentes espirituais surgem do silêncio. Que Deus nos abençoe em silêncio.


Texto escrito por Tatyana Casarino. Especialista em Direito Constitucional, advogada, escritora e poetisa. 


*Confira a música - The Sound of Silence - Gregorian:

https://www.youtube.com/watch?v=kHxPPwNySzw

*Confira o mesmo texto no meu blogue poético "Recanto da Escritora":

A Virtude do Silêncio

*Se você gosta de textos católicos, confira o Portal IDE Evangelizar +:

https://www.idemais.com.br/home


     

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

A Virtude do Bom Humor

 A Virtude do Bom Humor


     



 O bom humor também é uma virtude santa ao contrário do que muitos pensam. A espiritualidade cristã não é uma espiritualidade triste, e os religiosos mais profundos são os mais sorridentes e não os mais "carrancudos". 

 A falta de bom humor paralisa a vida, corrompe o "sabor" da existência e prejudica a nossa relação com o próximo e com Deus. Se tivermos uma postura extremamente rígida e séria em tudo, estaremos cavando o poço da infelicidade e da amargura. Deus quer a nossa liberdade de sorrir pela vida ainda que tenhamos provações para superar. 

 O bom humor pode ser uma manifestação de generosidade. Com bom senso, podemos aplicar o bom humor de um jeito amigável, leve e simpático diante daquela pessoa que está triste. Muitas vezes, não são os conselhos mais profundos que levantam uma pessoa, mas uma frase divertida acompanhada de uma risada amorosa e de uma piada inocente. 

 O bom humor manifesta a nossa magnificência também, pois representa a grandeza da nossa alma que prefere optar por uma postura entusiasmada diante da vida. A pessoa bem-humorada é uma pessoa entusiasmada -- e uma pessoa bem-humorada é uma pessoa cheia de Deus.

  Curiosamente, a palavra "entusiasmo" é composta de duas expressões do grego: “em” + “theos”. Essa composição grega da palavra "entusiasmo" literalmente quer dizer “em Deus”. Sendo assim, a pessoa entusiasmada é aquela que está repleta de Deus. Manifestar entusiasmo é manifestar o calor fraterno e feliz de Deus em nós.

  Muitas vezes, as pessoas criam uma imagem equivocada da religião e imaginam os religiosos como seres carrancudos, tristes e "frios". Entretanto, aqueles que têm a chama da fé acesa dentro de si, geralmente, são as pessoas mais entusiasmadas, calorosas e sorridentes. Muito embora a religião tenha os seus dogmas e as suas virtudes de seriedade, penitência e sacrifício, a busca por Deus é a busca pela plenitude e pela felicidade. A fé sempre deixa marcas de esperança e bom humor em cada devoto. 


     


   É provável que a taxa de depressão do mundo atual esteja relacionada ao estresse da vida moderna, a qual retirou a fé e o bom humor do seu eixo de produtividade. Contudo, com fé e bom humor, podemos ter muito mais qualidade de vida e, consequentemente, uma produtividade com muito mais virtudes. A correria da vida moderna e o ceticismo presente nas filosofias que regem o mundo atualmente são os grandes males humanos que impedem a manifestação do bom humor e da felicidade. 

  Bom humor não se trata de piada, mas de uma postura entusiasmada e alegre diante da vida. Às vezes, o bom humor inclui piadas inocentes e gestos de brincadeira que revelam a nossa criança interior. A parte mais linda do bom humor é a revelação da nossa criança interior. 

  Quem não tem bom humor esqueceu de cultivar a criança que vive em si. Engana-se quem pensa que precisamos abandonar a nossa criança interior para amadurecer em nossa vida e em nossa religião. Podemos amadurecer, lapidar a nossa alma, ver a vida com olhos mais sábios e, ainda assim, cultivar o lado leve da criança que brinca dentro de nós. 

  Jesus jamais rejeitaria a sua criança interior. Para os cristãos, é importante deixar viva a leveza da criança que mora em nós. Disse Jesus (Mateus 19:14): "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas".

  Infelizmente, o bom humor é uma virtude perdida atualmente. Os jovens não veem mais a graça das piadas inocentes e é difícil provocar risadas nas pessoas hoje em dia. Os programas de humor viraram bandeiras políticas sem graça que usam da maldade para atacar a nossa fé. O bom humor perdeu espaço para o "mau humor", assim como a inocência foi corrompida pelo sarcacasmo e pela maledicência. 

   O verdadeiro bom humor é aquele que ri junto com o outro generosamente e não aquele que "tira sarro" do outro com maldade. A corrupção do humor atual revela uma sociedade triste, "engessada" e que perdeu o contato com a criança inocente e divertida que mora em seu interior. 

    Dentro da Igreja Católica, há santos que se destacaram pelo seu bom humor: São João Paulo II, São João Bosco, São Felipe Neri, São Alberto Hurtado e São Félix. 


      


  O Papa São João Paulo II ficou conhecido por sua alegria, sorriso simpático e bom humor. Ele apreciava o bom humor em suas melhores formas. Sabe-se que ele gostava de assistir às apresentações de humor e ria diante da atuação do palhaço Diego Poole, conhecido como o palhaço que fez rir São João Paulo II. 

  Diego Poole é professor universitário e já participou de atuações como palhaço diante de João Paulo II.  Há um vídeo na internet sobre a alegria do Papa João Paulo II na Audiência de 1990. Nesse vídeo, podemos ver as risadas mais entusiasmadas de São João Paulo II. 


       


   São João Bosco era um santo italiano repleto de carisma e alegria. Esse santo era carismático e simpático, principalmente com os jovens. Por ter um perfil jovial e alegre, ele conseguia propagar a palavra de Deus para os mais jovens. 

  Seu bom humor também dava a virtude da perseverança nos momentos difíceis. Mesmo quando tinha problemas, São João Bosco optava pela alegria, pois sentia uma grande confiança em Deus e em Maria Auxiliadora. Além do mais, São João Bosco dizia que a busca pela permanência na graça de Deus proporcionava os frutos da alegria e da tranquilidade em nossa vida.  


      


  San Felipe Neri é o padroeiro dos educadores e humoristas. Desde pequeno expressava sua alegria e mostrava muita gentileza. Seu senso de humor e simpatia o ajudaram a fazer trabalhos de caridade em hospitais, lojas, bancos e outros locais públicos para evangelizar. Salienta-se que ele conservou o bom humor até no dia da sua morte, pois ele disse ao seu médico antes de falecer: "Fiquei feliz quando me disseram que vou para a casa do Senhor". 


     


 São Alberto Hurtado foi o santo chileno caracterizado por seu entusiasmo e alegria. O seu carisma apaixonado pelo Evangelho fez com que tivesse um grande apelo na juventude. Sua obra de caridade distribuía comida e abrigo aos mais pobres. Ele escreveu muitas reflexões sobre a importância da alegria na fé, tais como a "Abnegação e a alegria" e a "Oração da alegria". A sua frase mais conhecida foi: "Feliz Senhor, feliz".


         


 São Félix foi um santo italiano que viveu plenamente o sentido do seu nome, já que o seu nome carrega o seguinte significado: "aquele que se considera feliz ou sortudo". Desde criança, teve fama de ser feliz e piedoso, sendo abençoado com muitas experiências místicas. Quando alguém o insultava, São Félix de Cantalice respondia com humor: "Vou pedir a Deus que o torne santo".


         


  O monge beneditino alemão Anselm Grün, conhecido por seus livros religiosos, afirma no seu livro "50 Anjos para a Alma" que o bom humor é inspirado por um anjo: "o anjo do humor". Para esse autor, o humor representa uma preciosa reconciliação com a realidade. Quando temos bom humor, transcendemos a realidade e a relativizamos, pois vemos a nossa vida com outra perspectiva. 

 Segundo Anselm Grün, a vida ficaria triste e tediosa sem humor. Contudo, para o autor, ser inspirado pelo humor não é apenas agir com bom humor. O humor genuíno é a capacidade de transpor a situação concreta e as circunstâncias adversas. Nesse sentido, o humor é um "indício de transcendência" conforme o pensamento do sociólogo americano P. L. Berger. 

 O humor também tem vínculo com a expressão "humus" (terra), assim como a humildade. Quem sabe rir de si mesmo está livre do vício de sentir-se como um monumento perfeito e, consequentemente, está curado do pecado do orgulho. A pessoa bem-humorada reconhece o que é imperfeito em si mesma e nos outros. Ao invés de sentir as imperfeições cotidianas como pesos, o humorado permanece leve quando vê que os pequenos erros não podem perturbar a grandeza da ordem divina. 

 A virtude do bom humor alivia a vida para quem sabe cultivar sorrisos ao invés de mágoas e lágrimas. O bom humor ensina o ser humano a reagir serenamente quando ele está prestes a se irritar consigo mesmo e com os outros. O bom humor preenche a alma com outras virtudes: jovialidade, doçura, reconciliação, amor, gentileza, esperança, leveza e cordialidade. 


               


   O bom humor ensina a alma a rir internamente de si mesma, das situações e dos outros. Ressalta-se que esse riso não é um riso cínico e sarcástico, mas um riso santo que concilia os opostos e encara as divergências naturais entre os seres humanos na esportiva. Portanto, o riso é uma "religiosidade disfarçada" de acordo com Sigismund von Radecki. 

   Convido o leitor a manifestar uma risada hoje. Você já sorriu hoje? Já agiu com bom humor hoje? Já fez alguém sorrir? Provocar sorrisos em alguém pode ser a forma mais bela e santa de generosidade. "Serve ao Senhor com alegria; e entrai diante dele com canto (Salmo 100:2)". 


Texto escrito por Tatyana Casarino. Especialista em Direito Constitucional, advogada, escritora e poetisa. 


*Confira o vídeo citado nesse texto:


*A Alegria do Papa João Paulo II - Audiência de 1990.